O Grande Dia

Enfim sábado, pensou Joãozinho. Depois de anos de espera, o grande dia havia chegado.
Pulou da cama e foi tomar café da manhã. Sua mãe, quando viu tamanha disposição, perguntou o motivo, como se não soubesse da importância daquele sábado, o dia mais que esperado, desses que entram pra história e são contados por gerações, lembrados nos mínimos detalhes pelos homens da família.
Seu Carlos entrou na cozinha minutos depois, devidamente fardado. Estava pronto para o grande dia.
Três horas depois já estavam na Capital, admirando os grandes prédios e observando toda aquela movimentação. Como prometido por Seu Carlos, foram ao Centro da cidade, estava na hora de Joãozinho ter o seu próprio fardamento. Dentro da Paquetá compraram camiseta oficial, boné, calção, meias e tudo mais que tinha o símbolo colorado. Joãozinho nem esperou passar no caixa, enquanto pegava as compras já ia se vestindo, saiu da loja parecendo um jogador profissional. Orgulhosos, os homens da família foram comer um lanche no Praia de Belas e depois rumaram a pé até o Gigante da Beira-Rio.
Era dia de jogo importante, as avenidas estavam lotadas, ônibus passavam com malucos entoando cânticos de guerra, carros buzinavam, um caminhão de som tocava o hino do Internacional, pessoas caminhavam apressadamente pelo Marinha, fogos eram vistos e escutados a cada minuto, tudo maravilhoso, tudo grandioso, tudo inédito para Joãozinho. Entraram no estádio, escolheram o lugar e sentaram. Enquanto o jogo não começava, Seu Carlos tratou de contar a história de todos os jogos inesquecíveis que ali presenciou, desde o gol iluminado de Figueroa, até o gol mil em Gre-Nais do Fernandão.
Então o jogo começou, então foi gol do Inter, então o colorado ganhou. Quando o juiz apitou o final da partida, Joãozinho podia ser visto voando, no meio da arquibancada entre a multidão que pulava, erguido pelos braços de seu pai.

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