A vida na vila.


Morar no centrinho da vila, hoje em dia, é muito baixo astral. Pense no centrinho de uma praia qualquer, pode ser de Magistério, Cidreira, Tramandaí ou Capão, qualquer um. Pegue ele e coloque no meio de uma vila na periferia de Porto Alegre. Saca que merda?

Som alto até bem tarde, lanchonetes vendendo cerveja barata, carros com alto-falantes, funk, gurizada bêbada sem respeito, jovens donos da rua e da boca, acúmulo de gente inútil fazendo porra nenhuma (nem se divertindo estão).

Pois é, não se fazem mais vilas como antigamente.

Voltem velhos bêbados de boteco que fechavam antes das 23h;
Voltem crianças jogando bola até tarde;
Voltem traficantes populares e guardiões da vila;
Voltem vizinhas chatas que furavam a bola;
Voltem mendigos que moravam na rua por opção;
Volta samba do morro ao vivo;
Volta Gamarra;
Volta Goyco;
Volta Olívio;
Volta guaraná frisante;
Volta jogo-do-bicho;
Volta pão de quarto;
Volta banheira do gugu;
Volta piscina de plástico;
Volta Vovó Mafalda;
Volta Jaspion;
Voltem Ursinhos Carinhosos;
Volta inflação;
Volta vida.

Tu não é mais como antigamente.

Culpa do computador, dos alto-falantes, do funk carioca, da coca-cola e do dinheiro.

A vila era mais feliz quando era pobre.
E quando o colorado não ganhava nada.

Feliz 2013.

Comentários

João Silveira disse…
Nesta vila, as pessoas tinham nome e eram conhecidas por "este" nome. Para falar a verdade, muita gente boa viveu na vila. Como era bom sermos conhecidos por um "simples" nome(até o apelido valia, pois não se processava por bulling). Tempo em que as ruas eram vias, e cada via tinha um time e a gurizada jogava num campo chamado "beira-mato", onde cada jogo era uma final da copa de 70. Esta vila existe, como um lugar na memória ,mas existe.