Mentira

Todos têm um dom, todos sabem fazer alguma coisa em especial que outros poucos conseguem, meu irmão, por exemplo, imita perfeitamente a voz do Pato Donald, é o dom dele. Durante muito tempo me perguntei qual seria meu dom, qual seria o presente que a fada madrinha entregou para aquele bebezinho gorducho que nasceu em maio de oitenta e cinco.

Pois bem, não faz muito tempo descobri meu dom, sei que o Ronaldinho já sabia de seu talento com a bola aos oito anos de idade, mas nunca é tarde para encontrar seu dote natural, meu avô só se descobriu um exímio gaiteiro depois dos sessenta. Meu dom não é um daqueles de que eu possa me vangloriar ou me exibir para os outros, posso sim tirar proveito dele em algumas situações da vida, mas pretendo usá-lo com moderação.

Sou um excelente mentiroso, essa é a dádiva que ganhei de Deus, ou da mãe natureza, ou de quem quer que seja. Minto com uma naturalidade que me assusta. Por isso escrevo, para gastar meu dom em algo que não vai fazer mal a ninguém, escrevo para usar minha fantasia na fantasia das minhas histórias. Escrevo para mentir e também minto para escrever.

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