Nascer, viver, sorrir, chorar, morrer.

Há uns dez anos o Pedro chegou em casa com um cachorrinho meio cinza, meio branco, meio preto. Disse que estava seguindo ele desde a escola. Alimentamos, limpamos, fizemos carinho, demos um nome. Comovidos com a história (falsa, o Pedro ficou chamando ela desde a saída do colégio), nossos pais deixaram o cãozinho, que era na verdade uma cadelinha, ficar.
Foi assim que a Coca nasceu pra nós.

Viveu.
Digna.
Viveu como um cão deve viver, solta, sem coleira, latindo, brincando, abanando o rabo nunca cortado, subindo em muros, comendo resto de comida, tomando água em pote de sorvete, tendo várias ninhadas, cruzando com o cachorro que quisesse, fazendo o que bem entendesse.

Foi criada como um cão deve ser criado, sem frescuras, com respeito.

Hoje ela morreu.
Digna.
Morreu como um cão deve morrer, deitada onde costumava dormir, sem sofrer, solitária.
No enterro aqui no pátio, demos algumas risadas, fizemos algumas piadas, nos despedimos dela com alegria.

Tristeza? Sim. Toda perda gera tristeza.
Toda tristeza gera aquele nó na garganta.
Todo nó na garganta acaba em lágrimas.

Mas é assim que acontece, é assim que vai sempre acontecer.
Nascer, viver, sorrir, chorar, morrer.


Comentários

MiLa disse…
Putz!
Emocionante!!!
Concerteza ela foi feliz em sua vida canina!
Sempre foi super querida comigo!