Exaustão
- Mário, acorda Mário... Tenho que ir trabalhar, tu precisa
sair.
Mário acordou, parecia que não tinha dormido nem cinco
minutos. O carrossel continuava em sua cabeça, tudo girava lentamente e uma
música infantil fazia os cavalinhos continuarem a rodar. O bom, velho e
duradouro efeito de uma vodka.
- Amigo, com licença... Oi amigo, com licença...
Mário acordou do sono mais profundo que teve nos últimos
dias, deixou o tiozinho passar, pulou para o banco do lado, encostou a cabeça
no vidro da janela e voltou a dormir o sono dos justos.
- Cara! Acorda! Fim da linha! Ô meu, tem que descer!
Mário acordou, fez um sinal de positivo para o cobrador e
desceu cambaleante os degraus do ônibus. O sol queimava, o bafo cozia, o calor derretia.
A cidade era um grande forno, e as pessoas eram pequenos pedaços de bacon
suando seus líquidos e gorduras.
- Alô! Mário? Não vem trabalhar hoje cara? O chefe já
perguntou por ti quinhentas vezes. Acorda malandro!
Mário acordou com a voz do Nélson na secretária eletrônica,
estava empapado de suor. Abriu o chuveiro no máximo e deixou a água fria bater
violentamente no seu corpo. Eram quase onze da manhã e fortes resquícios da última
noite ainda permaneciam no seu cérebro.
- Senhor Mário! Senhor Mário! Será que o senhor pode manter seus
olhos abertos durante o expediente?
Mário acordou no susto, limpou a baba que escorria no canto
esquerdo da boca, pediu desculpas ao chefe, pegou um Halls vermelho na gaveta e
voltou ao trabalho.
- Oi filho, que bom que veio jantar em casa hoje. Fiz aquele
carreteiro que tu adora. Vai lá no quarto acordar teu pai que foi tirar um
cochilo.
Mário entrou no quarto, deitou ao lado de seu pai. Enfim
dormiu.
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