desgraças de nossos tempos

Dois mil e dezenove.
Meio de outubro.
Porto Alegre.

Depois de um final de semana de quarenta graus, uma segunda-feira que marca onze.

Não sei onde você está enquanto passa os olhos nesse texto. Por aqui, nesse final de anos dez, o aquecimento global está em xeque. Mesmo com todas as mazelas climáticas que já assolam o planeta. 
A estupidez pariu milhões de filhos que agora gritam em nome de sua mãe.
Eles duvidam do indubitável.

Tirintando de frio saio da faculdade.
A chuva é torrencial.
A cada passo cuido para não enfiar o pé numa poça. Pior que aguentar trinta minutos dentro de transporte coletivo precário é aguentar trinta minutos dentro de um transporte público precário e com os pés molhados. 

Passa por mim um homem de bicicleta acompanhado de sua gigante e colorida mochila.
Logo depois mais um. E mais um.
No espaço de trinta metros, três homens-caixa.
A noite já vai tarde.
Chove.
Faz frio.

E eu cuidando para não pisar em poças.


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