Dia não sei qual da quarentena, agosto de vinte vinte.

 Já se vão vários dias em casa.

Saídas somente para levar o lixo, ir ao supermercado uma vez por semana e pegar alguma comida de tele-entrega. O que me lembra que não estou ajudando em nada no isolamento do motoboy, mas também que ele precisa trabalhar e estou colaborando para que a máquina funcione.


A gente finge que não vê, que o errado é certo de alguma forma. 

E assim vamos, sabendo de nossas  hipocrisias.


Chego aqui cansado. É muita gente brigando, muita gente explicando. Tem mais gente dando opinião do que escutando. Mas a coisa já funcionava nessa batida antes da pandemia.


Gritamos pelo eco.

E se vier resposta diferente, fuzilamos o mensageiro.

Queremos o eco.

Somente o eco.


Temos realmente que tirar algo dessa situação? Eu espero somente passar por ela.


Nosso foco deveria ser não morrer.




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