Me trata bem, Magalu.

Comprar uma geladeira e uma máquina de lavar. Pra gente, aqui de baixo, são meses poupando pra juntar a grana, ou cartãozinho em mil suaves prestações de dois reais. Ralação, né, brother. Dinheiro suado na conta do banco. Por isso eu fiquei xarope quando entrei no Magazine Luiza e ninguém veio me atender.

Não tenho cara de quem vai gastar uma grana aqui?
O débito tá trincando pra comprar essas porra à vista. Vai querer não?
O tiozinho ali das Casas Bahia me chamou de irmão. Outro carinha da Benoit até prometeu desconto.

Eu sei que galera das vendas tá ali numa ralação fodida, final de semana trabalhando em pé, lanche de quinze minutos, mas custa tratar o cara bem, caramba? E eu até queria comprar no Magazine por causa da dona Luiza e que ela apertou treze confirma.

Mas não vieram me atender.

Coloquei camisa, all star com meia chavosa, mascarinha pff2 pra respeitar o próximo. Débito pesado no bolso. Não me atenderam. Eu e a companheira abrimos a geladeira, ficamos trocando uma ideia sobre o produto, esperando alguém vir chamar. Nadinha.

E eu que não vou atrás de vendedor. Porque o meu trabalho quando entro numa loja é pechinchar, pedir desconto, não pedir por favor me tirem meu dinheiro. Entende o dilema? A estratégia? Que me convençam a gastar aqui. Porque se eu não gastar essa grana eu tenho quatro meses de comida garantida lá em casa, compro um videogame, um Chevette, sei lá. A geladeira velha tá funcionando. ME CONVENÇAM!

A Sadra das Lojas Colombo convenceu. Atendeu bem, profissional, explicando detalhes, tratando a gente que nem gente. É bom ser bem tratado. Meses poupando, sogra ajudando. Me trata bem, Magalu.




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