A Volta de Quem Não Foi
Estou aprendendo a escrever novamente. Primeiro, porque troquei de notebook e o teclado é diferente, algumas teclas são menores e isso bagunça todo meu reflexo de digitar sem olhar. Segundo, porque trabalhei o último ano inteiro fazendo anúncios, pensando em manchetes matadoras, frases de apoio curtas, botões persuasivos e e-mails que convençam alguém a comprar algo, o que é escrever, mas não a escrita de que estou falando. Terceiro, porque eu esqueci de escrever. A vida veio atropelando, outras coisas mais importantes apareceram e eu simplesmente parei.
Na minha cabeça eu me considerava um bom escritor, pois leio sobre escrever, escuto alguns podcasts sobre o mundo literário, tenho um blog e faço o roteiro completo do meu podcast. Mas, se formos analisar bem, os dois últimos eu finjo que faço. São treze meses sem publicar no blog e meio ano sem gravar um episódio do Nadando no Raso. Além de não ser um bom escritor, eu nem sou escritor. Ou alguém já ouviu falar de um escritor que não escreve?
Me falta a prática!
Escrever é baixar a luz, encarar a tela, abrir um espaço em branco, colocar os pensamentos em ordem e com as pontinhas dos dedos vomitar palavras que digam algo para o outro, com o mínimo de sentido e qualidade. Requer tempo para pensar e tempo para fazer. Se não repetir essa receita com frequência, fazer esse ritual muitas vezes, a escrita não vinga, não amadurece, não bota corpo.
Por isso ensaio essa volta, num estilo mais leve, onde vão aparecer textos mais livres e experimentações narrativas, letrinhas dançando pra lá e pra cá. Para que o esforço vire hábito e prazer, para que as minhas palavras fiquem mais fortes e partam pra cima.
Volto novamente, mesmo sem nunca ter ido.
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