O Fim do Dia Cinco de Junho de Dois Mil e Vinte e Um, Sábado
Lusco-fusco, uma ilha de dia quente no meio de um longo período de gelo.
O azul marinho vai tomando conta da abóbada.
Filhote de foca, fusca, banho quente, ovomaltin.
O ar que entra pela janela da cozinha já é frio, ele tem cheiro de amaciante e quando bate no rosto de barba recém feita, faz arrepiar.
Os pensamentos seguem o fluxo universal.
Camila veio pegar ração pra gata, deu um cheiro e voltou pra cama.
Nesse momento estou presente. Sei exatamente meu lugar..
Graças a deus você existe. Acho que eu teria um troço se você dissesse que não tem negócio.
Seu José
Passou agora, ali embaixo, seu José.
Eu, oculto pela bagunça de janelas e pela semi-escuridão, observo.
Ele trabalha na portaria e é morador do condomínio. Gosto dele. Verdade que não trocamos muitas palavras nesses últimos anos, mas todas as vezes que ele toca no interfone avisando a chegada de um pacote, ou procura meu nome no protocolo de recebimento, fico encantado com sua simpatia, sua disposição, seu trato com o interlocutor.
Seu José está sempre de bem com a vida. E quando fica estampado em seu rosto que não é o melhor dia, seu pesado parece mais leve.
Don't Stop The Dance.
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